Ao longo de dois mil anos, o cristianismo saiu da Palestina, espalhou-se pelo Império romano, resistiu às invasões dos chamados povos “bárbaros”, criou um modo de ser, consolidou-se. Depois, foi-se espalhando pelo resto do mundo. Assumiu novos rostos, disse-se em muitas mais línguas. Tornou-se a alma de uma civilização. Expressou-se em conquistas científicas, técnicas e filosóficas. Tornou-se um modo de vida, uma civilização.

A chamada civilização ocidental tem um rosto cristão. O rosto de um Deus feito homem, que dá novos critérios e uma vida nova ao homem. Sim: a vida humana é mais que todas as outras formas de vida; a paz é mais que a guerra; o diálogo é mais que a inimizade; o respeito pelo próximo, mais que o egoísmo; o bem comum mais que o bem de um privilegiado; o perdão é mais que a vingança.
Demorou tempo — dois mil anos — e está ainda muito longe de ser algo adquirido. Mas é um modo de vida que, hoje, engloba muitos milhões de seres humanos. É o modo de vida que muitos procuram, até por vezes arriscando a própria vida.

A civilização ocidental tem um rosto cristão, por muito que o queiram ignorar ou destruir — até nisso a civilização ocidental é diferente: dá espaço a quem pensa de outro modo, perdoa as ofensas, propõe em vez de impor. Claro que está longe de ser perfeita. Mas, olhando para o mundo ocidental de hoje, confesso que não gostaria de viver noutro. Não é o melhor dos mundos, mas é aquele onde um ser humano vive melhor.
E, se a civilização ocidental tem um rosto cristão, então tem o rosto do Natal. É por isso que em qualquer canto do mundo é celebrado o Natal. É a festa onde o nosso modo de viver encontra a sua melhor expressão.
E, se a civilização ocidental tem um rosto cristão, então tem o rosto do Menino nascido nas palhinhas de Belém, tem o rosto de Jesus Cristo.