“Sobe e olha para o lado do mar, pois estou a ouvir o barulho da chuva”, ordenou Elias ao seu servo, depois de três anos de seca em todo o Israel. No entanto, o servo subiu, olhou, e disse ao profeta: “Não vejo nada”. E subiu uma e outra vez. Apenas à sétima vez foi capaz de descrutinar qualquer coisa: “Eis que sobe do mar uma nuvem, pequena como a mão de uma pessoa” (cf. 1Re 18,41-46). Foi essa nuvem que se tornou num aguaceiro de chuva benfazeja.
Actualmente, na nossa diocese, vivemos uma situação quase comparável a uma prolongada seca no que toca às vocações sacerdotais. No entanto, ser-nos-á ainda permitida a esperança?
Com Deus, é-nos sempre permitida a esperança. Mais: sendo a esperança uma virtude teologal (quer dizer: sendo fruto da presença de Deus ao nosso lado), ela ultrapassa a condição de sonho ou de desejo, para ser a oferta segura de uma realidade. Sim: esperamos em Deus, nosso Salvador, e pedimos que Ele chame, abra o coração e torne perseverantes aqueles a quem Ele mesmo convida para serem sacerdotes, profetas do Reino, presença de Jesus ressuscitado que ama, serve, alimenta e dá vida aos seus irmãos.
A esperança é uma virtude teologal. Por meio dela recebemos a certeza da felicidade eterna. Mas as virtudes exigem o nosso trabalho, a nossa cooperação. Deus — sabemo-lo bem — não nos salva sem nós.
Poderá ser uma nuvem do tamanho da mão de uma pessoa, o que vislumbramos ao longe, no horizonte. Mas com a oração, o testemunho, a cooperação de todos, tornar-se-á na abundância capaz de saciar a fome que o nosso povo tem de Deus.