Na Mensagem para o Dia Mundial dos Avós, celebrado em cada ano a 26 de Julho, o Papa Francisco recorda uma narração do Antigo Testamento, do livro de Rute: Elimelec, um judeu, tinha casado com Noemi. Tiveram dois filhos, casados com Orfa e Rute. Quando o marido e os filhos morreram, Noemi disse às duas noras que regressem para junto das respetivas famílias.
Noemi, diz o Papa, é uma viúva pobre, consciente de valer pouco aos olhos da sociedade; está convencida de ser um peso para aquelas duas jovens que têm a vida pela frente: “Por isso, acha melhor afastar-se; e ela mesma convida as suas noras jovens a deixá-la para ir construir o seu futuro noutros lugares”. Orfa, carinhosamente, beijou Noemi e partiu. Rute, ao contrário, permaneceu ao lado da sogra, dizendo: “Não te abandonarei”! (Rt 1,16).
Noemi, diz o Papa, é bem a imagem dos idosos que não poucas vezes se acham um fardo para os filhos, dominados pela nossa cultura individualista. E continua o Papa: “A todos nós — rendidos à ideia de que a solidão seja um destino inevitável — Rute ensina que é possível responder: ‘Não te abandonarei!’ Não hesita em subverter o que parece ser uma realidade imutável: viver sozinhos não pode ser a única alternativa. (…) Mantendo-se junto dos idosos, reconhecendo o papel insubstituível que eles têm na família, na sociedade e na Igreja, também nós receberemos muitos dons, tantas graças, inúmeras bênçãos!”.
Com efeito, Deus nunca abandona os seus filhos, “nem desdenha escolher aqueles que, aos olhos de muitos, parecem irrelevantes. Não descarta pedra alguma — diz também o Papa Francisco; antes, as mais velhas são a base segura sobre a qual se podem apoiar as pedras novas para, todas juntas, construírem o edifício espiritual”.