Reflexão do Dia trazida até nós pela Irmã Lúcia Abreu, cm
Não é argumento que nos ocupe demasiado, a felicidade. Contudo, precisamos desesperadamente dela. O escritor Milan Kundera escreveu que só há realmente uma pergunta importante a colocar: porque é que não somos felizes?
Olhamos para a felicidade, por vezes, como os mendigos olham para a Lua, sem saber bem o que pensar dela e de nós, aceitando no fundo que a felicidade talvez não seja deste mundo, mas sem deixar de ficar confusos por vermos o seu brilho tão perto.
Aceitar que a felicidade supõe uma aprendizagem, um conhecimento ou uma competência é um passo resistimos a dar. Certamente que esta resistência tem muito de cultural. As nossas sociedades, que são de uma crendice beata em relação à técnica e a tudo o que dela provenha, praticam um agnosticismo militante em relação às possibilidades de cada ser humano construir-se e consumar-se de um modo feliz. Sobre a felicidade, parece que não temos nada para dizer uns aos outros. Sobre o bem-estar, sim.
(In A mística do instante, O tempo e a promessa – José Tolentino Mendonça– Paulinas)